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Empreendedorismo em tempos de crise

Na 15.ª Feira do Empreendedor (22 a 24 de novembro, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto), a ANJE promove, pela primeira vez, o inovador programa NBA – New Business Accelerator. Trata-se de um acelerador de novos negócios, que tem por base a metodologia DSI – Dream, Start e Invest. O objetivo é estimular e apoiar a iniciativa empresarial, acompanhando jovens empreendedores desde a ideia de negócio ao seu financiamento e materialização.
O programa NBA vem, pois, ao encontro do princípio fundacional da ANJE: a promoção do empreendedorismo jovem. Princípio esse que, a nosso ver, adquiriu uma importância acrescida no atual contexto de recessão económica. A capacidade de não nos resignarmos perante as adversidades que o país enfrenta passa, em boa medida, pelo espírito empreendedor que os portugueses revelarem, em particular as novas gerações.
Importa ter a noção de que o empreendedorismo cria riqueza e postos de trabalho. Ora, sem criação de riqueza, Portugal não conseguirá consolidar as finanças públicas e amortizar a dívida soberana. Assim como, sem criação de postos de trabalho, o desemprego no nosso país tenderá a agravar-se para níveis social e eticamente incomportáveis.
Lembro, a propósito, que o desemprego jovem já atingiu uns impressionantes 35% da população ativa. Um em cada três jovens com menos de 24 anos está desempregado e o número de licenciados sem emprego supera hoje os 100 mil, agravando o risco de fuga de cérebros para o estrangeiro. Por outro lado, só nos primeiros nove meses do ano já fecharam em Portugal 14 mil empresas e a criação de novos negócios caiu 15%.
Neste cenário, é de capital importância renovar o nosso tecido empresarial com iniciativas de empreendedorismo jovem e qualificado. Desta forma, estaremos a relançar o investimento, a aumentar a procura interna e a potenciar as exportações. Acresce que, através de iniciativas empresariais, os empreendedores estão inevitavelmente a criar o seu posto de trabalho, muitas vezes fugindo a situações de desemprego. O empreendedorismo é, em muitos casos, a alternativa mais expedita para encontrar emprego quer por trabalhadores pouco qualificados, quer por quadros especializados que a economia portuguesa já não consegue absorver totalmente.
Naturalmente que temos consciência dos entraves que se colocam hoje ao empreendedorismo: o crédito bancário é escasso e caro, o mercado doméstico está em forte contração, os mercados de destino das nossas exportações encontram-se em recessão e os custos de contexto não param de subir, nomeadamente a tão falada carga fiscal. Ainda assim, há janelas de oportunidade que podem ser abertas pelos nossos jovens qualificados, aproveitando os incentivos comunitários e públicos ao empreendedorismo, bem como as condições que as associações empresariais, as universidades e as instituições promotoras do desenvolvimento estão a dar para a criação de star-ups.

Francisco Maria Balsemão - Presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários